domingo, 30 de janeiro de 2011

Desperdicio





Não me olhe
sua loucura encardida é veneno.
Mas não pulsa no sangue
que se afoga na ferida.

Seu olhar irrelevante
não me interessa mais.
Não tem lugar nem instante.
Por que andei no sobressalente
E vivi cada momento excitante.

Sua melodia
me vem ensurdecente.
Seu jeito de pensar
sua mente.
É o que me enfurece
o que vive em mim descontente.

Coisa incoerente
para mim é escutar tua voz.
Um albatroz
me tira a sombria flor.

E vem trazer a lua
e o seu calor.
De menina nua
em noite de clamor.
Pelo que a humanidade reza
o Deus amor.
                                  Raíra

Pequenos Senhores

Meu fiel anjo quebrado
a mim confia teu cajado
Com a promessa
de nunca fugir ao meu acaso.

Traga-me vida
pois aqui morro.
Sirva-me bebida
Fale-me de transtornos.

Me envie sinais
mapas astrais.
Guia meu labirinto.

Mas agora perdoa-me
pois estou indo.
Ao encontro dos valores
da minha repugnância.
Vista por humildes vinganças
de fracassados atores.
                                           Raíra

Adimirador Secreto

Me ver em seus olhos
fez esquecer.
A dor dos sonhos
em que posso te ter.

Mentiras existem
no que você me diz.
Pelo meu rosto se escondem
as mágoas de te deixar feliz.

Você não entende
não vou lhe explicar.
Se falar a verdade
nunca fez você me amar.

Não lhe dou rodeios no que falo.
Veja onde estou!
Você não viu o contorno dos teus sonhos.
Nem imaginou que eu salveu tudo o que se corroeu
Mas você encherga em meu sorriso monstros...

Não vê meu desejo
nem imagina meu amor.
Talvez com um beijo
acredite no que sou.
Ao redor dos teus quadros...
                                                       Raíra

Dias sibernéticos

Anjos em frascos
amores sintéticos.
Bomba atômica
mãe do novo mundo.
Mundo de estrupadores.

Vadia dos aurores
cama imunda da lúxuria.
De pobres anões de mentes.

Por quem me mentes?
Quem a ti da razão?
Por dramas frios e felicidades rotuladas?

Mãe da destruição
ou mão da mágoa.
Tristonhos são os filhos teus
presos por natureza.
A encansáveis dores.
Do rio sem vida
da bondade pobre inocente.
                                               Raíra

Tristeza solitária

Caravelas chegam na sombria noite
Mas esperamos alguém ainda distante
Para compartilhar falsas mentiras
escondendo as meias verdades

As casas em suas silenciosas ruas
ficam a sussurrar o desfecho
De uma estória que nunca foi contada
e que parece ser tão conhecida

Lá na montanha
se pode achar
O encontro do começo ao fim
da nossa era
Do tempo marcado
pelo pavor da humanidade.
Do sangue que escorre em toda cidade
sangue invisível.
                                 Raíra